O fim da violência contra as mulheres e o engajamento dos homens na luta pela igualdade de gênero ainda é um desafio para toda a sociedade brasileira. Nesta terça-feira (6), no Dia Nacional de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres, ações pelo Brasil promovem o envolvimento masculino no combate a violência contra a mulher.
Roberto Leão, professor de artes e secretário de relações internacionais da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), defende que o dia nacional de mobilização é fundamental para os homens refletirem e se somarem na luta das mulheres. “Os homens têm que se engajar, e assumir esse dia 6 de dezembro como dia de luta pelo fim da violência às mulheres, defender os direitos das mulheres de estar onde elas quiserem, de andar como quiser e se vestir como quiser”, defende Leão.
A data, que integra o calendário da campanha dos 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres, foi uma iniciativa das Organizações das Nações Unidas (ONU) que envolve mais de 50 países de todos os continentes. Considerado como um dos maiores movimentos mundiais em defesa da mulher, a data também é para refletir o papel dos homens e como eles podem ajudar nesse processo de transformação diante da triste estatística que coloca as mulheres em condições vulneráveis.
Dados alarmantes
Segundo levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, de 2020, quase 90% das vítimas de feminicídio no Brasil são mulheres mortas por ex-maridos ou ex-companheiros. O Fórum Brasileiro de Segurança Pública também revelou que a cada minuto, em média, uma pessoa liga para o 190 para denunciar casos de violência doméstica. Em 2021 foram 619 mil pedidos de ajuda à polícia em 2021.
Na avaliação de Leão, além dos homens refletirem sobre os dados de violência e feminicídio, é preciso mais políticas públicas voltadas à essa questão. “A violência é um problema da sociedade machista que acha que o homem é proprietário das mulheres, e eles precisam refletir muito sobre isso», diz Leão, que aponta políticas públicas como grandes aliadas no combate a violência de gênero.
“É preciso, por exemplo, políticas públicas que tratam dessa questão, que trabalhe tanto do lado do homem, quanto do lado da mulher porque a mulher não deve se submeter a nenhum tipo de violência, seja ela física, psicológica ou qualquer iniciativa que seja feita pelo homem”.
As violências e o papel do movimento sindical
De acordo com dados da Rede de Observatórios de Segurança, a cada 5 horas um caso de violência é registrado. A violência psicológica foi a segunda maior registrada entre os tipos de violência doméstica no país, em 2020, com 30,1% das queixas, atrás da violência física, com 34,4% dos casos.
Segundo Leão, os sindicatos têm o papel de trabalhar na consciência da classe trabalhadora, e até mesmo com os dirigentes homens, de que as mulheres não são suas escravas domésticas e sexuais. “O movimento sindical pode atuar nessa questão dentro de casa, nas escolas. Nesse sentido, o sindicato tem um papel importante de abrir diálogo para debates, mostrando que as mulheres são seres humanos que têm direitos e vontades”.
A importância da escola para mudar esta realidade
“A escola não é o local onde você vai apenas para entender um pouco de história, mas é importante aprender a conviver e saber respeitar as meninas e isso é fundamental na luta pelo fim da violência contra mulheres”, finaliza Roberto Leão.