O Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, no Brasil, é também o Dia Nacional de Tereza de Benguela: 25 de julho. É uma data de celebração, de luta e de memória.
Tereza de Benguela foi uma das mais importantes lideranças no enfrentamento à escravidão no Brasil. Viveu no século XVIII e liderou mais de cem pessoas no Quilombo Quariterê, que ficava próximo da fronteira com a Bolívia. O quilombo resistiu por mais de duas décadas.
É importante jogar luzes sobre essas personagens históricas, porque combater o racismo passa por enfrentar o apagamento das mulheres negras, na história e na atualidade! Tanto as meninas negras quanto toda a população precisam ter essas referências e conhecer o papel que cumpriram e cumprem.
“Tereza de Benguela é um símbolo de resistência, de luta, para lembrar que nossos corpos são muito mais do que peças de produção”, disse, em entrevista à Rádio Peão, Joseanes Santos, mestra em Sustentabilidade Junto a Povos e Comunidades Tradicionais pela Universidade de Brasília, e integrante da Frente de Mulheres Negras aqui do DF.
Joseanes destaca que dia 25 de julho é um de marco de luta, assim como 8 de março, Dia Internacional da Mulher, e 20 de novembro, Dia da Consciência Negra. “Reivindicamos acesso à terra e à titulação dela, participação digna no mercado de trabalho, equiparação salarial, cotas no serviço público, serviço de saúde humanizado, direito à educação, participação política. Nossa pauta dialoga com um projeto de sociedade e de democracia”, ressalta Joseanes.
Quando as mulheres negras lutam pelos seus direitos, elas democratizam a noção de cidadania. É uma inestimável contribuição ao Brasil e ao mundo, porque, ao incluir demandas, vivências e leituras específicas das mulheres negras, elas ressignificam a noção de direitos e de justiça.
Para a diretora do Sinpro Márcia Gilda, o fato de as mulheres negras estarem alijadas dos espaços de poder torna esses espaços limitados demais para serem instrumentos de igualdade, democracia e justiça: “No Brasil, somos 58 milhões de mulheres negras. Criamos os filhos das famílias brancas, cuidamos de suas casas, e tudo isso sem acesso aos direitos trabalhistas correspondentes. Somos o principal alvo da violência”, explica ela. “É por isso que não paramos de lutar! Lutamos para realizar nossas potencialidades, para sermos incluídas, para sermos felizes, para que nossos descendentes também o sejam”, completa Márcia Gilda.
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