Na quarta-feira, 30 de agosto, mulheres sindicalistas de todo o Brasil filiadas à Central Única dos Trabalhadores (CUT) reuniram-se no seminário comemorativo de 40 anos da organização para debater a luta feminina na trajetória da formação sindical. Entre os convidados/as, estava a secretária Geral da CNTE, Fátima Silva, que compartilhou suas lembranças de vida em prol das trabalhadoras e refletiu sobre os desafios enfrentados pelas sindicalistas na busca por direitos.
O evento, que faz parte de um conjunto de atividades para lembrar a história da CUT, também contou com a presença dos/as representantes/as nacionais da Central o secretário Adjunto de Administração e Finanças, Aparecido Donizete; a secretária da Mulher Trabalhadora, Junéia Batista; a secretária Nacional de Formação, Rosane Bertotti; e a coordenadora Adjunta da Escola de Formação da CUT do Centro-Oeste, Francisca Rocha.
Juneia disse que as conquistas do coletivo feminino da CUT se deram graças à força de trabalho empenhada por todas as mulheres que por lá já passaram. “Ao organizarmos este encontro, buscamos pensar além do que já temos. Queremos garantir a presença de mais mulheres pretas dentro da CUT, mulheres com identidade e orientação sexual diferentes das pessoas binárias, queremos mais pessoas com deficiência para completarmos toda a nossa história de representação da classe trabalhadora”, enfatizou.
Didice Godinho, primeira secretária da Mulher Trabalhadora da CUT, entre 1987 a 1993, declarou que, desde sua formação, a Central pode contar com a força das mulheres, tendo possibilitado a ampliação das pautas femininas e do trabalho em outras organizações, fortalecendo a luta das sindicalistas.
Segundo ela, o espaço das trabalhadoras foi algo conquistado gradativamente, com iniciativas locais e estaduais, até chegar ao processo que levou ao segundo CONCUT em 1986, onde foi aprovado, em nível nacional, uma forma de organização de mulheres na CUT, com a criação da “Comissão Nacional sobre a Questão da Mulher Trabalhadora” e a apresentação de propostas de luta para mulheres, com a campanha “Creche Para Todos”.
Ela conta que, apenas em 2003, com a instauração da secretaria Nacional da Trabalhadora, que as políticas das mulheres e da igualdade de gênero passaram a ter o mesmo patamar de importância entre as demais áreas da política sindical. “Trouxemos para dentro da CUT o próprio feminismo, abordando pautas como o direito ao aborto e a conscientização sobre a violência, possibilitando a compreensão do mundo sobre política e as relações sociais, inclusive para o público masculino», citou.
“As contribuições das mulheres até hoje são fundamentais, mas ainda precisamos debater desafios grandes, como as relações de poder, para podermos torná-las mais igualitárias. Esse é um dos principais desafios para os próximos 40 anos de existência”, completou.
Fátima reforçou a questão da paridade nas relações de poder dentro das organizações, comentando a evolução das mulheres sindicalistas e o papel fundamental desempenhado por elas na organização da classe trabalhadora, não só em âmbito nacional, como também em outros países da América Latina.
“Nossa trajetória é de muita luta, mas também de vitórias e conquistas. Sem todo o percurso vivido por todas as companheiras, não estaríamos tendo hoje uma situação de paridade como temos. Mas ainda temos muito a discutir sobre os espaços de poder dentro dos nossos sindicatos, das confederações e da nossa Central”, frisou.
Segundo ela, apesar da existência de mais mulheres em organizações sindicais, ainda não há a equidade em cargos nos postos chave dentro das organizações.
“Não admitimos mais a existência de uma mesa de negociação composta apenas por homens. A partir disso, temos que pensar sobre onde está a cara das mulheres nos espaços das centrais que existem hoje no Brasil. Esse é um desafio para nós, de buscar estar na cara, interna e externamente, nos espaços onde se mostram as mulheres», reforça.
Fátima ainda abordou dados do Fórum Econômico Mundial, que apontam a desigualdade salarial entre homens e mulheres para as mesmas funções e cargos: cerca de 257 anos serão necessários para alcançar a paridade. Segundo a secretária, essa deve ser uma das principais prioridades na pauta das mulheres trabalhadoras sindicalistas, até que a equidade seja alcançada.
Fuente: CNTE